Nome da fanfic: Alice in Deathland on the other side of the Black mirror.(Alice no País da Morte do outro lado do Espelho negro)
Nick/nome do autor(a): tohru-kun
E-mail do autor(a): victor_hugo_nf@yahoo.com.br
Gênero: horror, darkfic, seinen, humor negro, sobrenatural, suspense.
Sinopse: Alice Haertfild é uma garota reclusa de uma família no minimo estranha, sua mãe era uma dona de casa que cuidava obsessivamente de sua estufa e frequentemente esquecia-se de alimentar a própria filha. Seu pai vivia em viagens à trabalho para o estrangeiro, onde tinha uma amante em cada parada, e quando voltava passava os dias em bordeis. Alice viveu nesse ambiente desde que se lembra. Um dia, Alice, que perambulava pela imensa e velha casa de seus pais encontra um enorme espelho negro de moldura prateada no sótão e é rapidamente estrangulada pelas mãos de seu reflexo que saíram do espelho puxando-a em direção ao mesmo. O que acontecerá à Alice agora? Leiam e descubram.
Número de capítulos: 36.
Terminada: não.
Death #1 – Traverse (Atravessar)
Quado nasci ainda devia existir algum amor, certo? Afinal estou viva, não estou? Mas sabe, eu realmente não faço ideia do que é estar vivo ou morto. Não lembro de ninguém me ensinar isso. Até hoje não sei o que é “isso”. O que é falar, o que é pensar, o que é sentir. Não sei, realmente, o que estou fazendo.
Até onde me lembro sou assim. Não sei quando aprendi a definir as coisas. O que é bom, o que é mau, o que é tristeza, o que é alegria, o que é dor, o que é fome. Só sei que um dia me dei por consciente. Estava lendo, aprendendo, comendo. Sei quem é, ou deveria ser, minha mãe.
Ela está sempre enfurnada naquilo que chamam de estufa, cultivando, cultivando, cultivando, cultivando aquelas plantas nojentas! Mas, eu sei o que elas são, huhu! Eu sei para que ela as usa, hihi! Eu sei o quam podre “ela” é, haaa! “Aquela mulher” absorta em seu mofo podre, hunf! Aaah... Eu quero ver sua reação! Eu quero! Eu quero! Eu quero ver a reação dela ver queimar tudo aquilo que ela presa, haha! Isso! É isso que “eu” quero! Eu sonho em ir lá e queimar tudo bem diante “daqueles olhos”! Sim! É isso que vou fazer! Haaa, haaa, haaa, como queria poder ver essa fantasia virar realidade... Mas não posso entrar “nela”. Não posso tacar nada “nela”. E, isso, me atormentaaaa!
Eu sei o que é pai. Eu sei quem ele deveria ser. Eu já vi a pessoa que supostamente deveria “ser”. Mas não o é. Ele não está aqui, “ele” não vem aqui. Ele ignora “elas” e ignora a mim. Ele ignora, ainda mais que todas “nós”, ignora à “ele”.
Mas eu vi! Eu vi, e vi, e vi, e vi centenas de vezes! Sim, “aquilo” que ele faz, nesta e centenas de outras “casas”... Aaaah, “ele” não merece esse título! Não merece! “Aquele” porco! Aquele monstro! “Aquela” puta insaciável, huhu! Haa, haa, sim, “ele” está sempre atrás de mais! Mais, mais, mais! Haha! Quantas iguais a “mim” ele tem por ai, hunm?! Quantas será que são? Aaah, minha vontade é vê-lo ser tomado violentamente igual a como ele tomou-as! Sim, sim, sim, siiiimmm! É isso que quero ver! Quero humilha-lo, humilha-lo até a mais profunda decadência! Isso! Fazê-lo cair até o ponto que ele deseje por isso, hi, hahaha! Mas é triste, é doloroso. Não posso realizar mais esse sonho, pois ele não vem mais aqui... Quanto tempo faz? Quanto? Quanto tempo faz desde a última vez que vi outra pessoa? Desde... Desde que “me” vi?
Minhas lembranças mais recentes são do sangue. Do “seu” gosto quente e vermelho. De “seu” aroma igual de minhas unhas e laminas. Haa, haaa, haaaaa! Sim! Esse prazer entorpecente, quente e fluido.
Sim. Venham mais, venham mais! Haha! Não me abandonem também, meus doces, doces animais.
Ontem foi um gato, antes foi um cão, antes ainda foi um ninho de pássaros, e ainda mais antes foi um rato.
É só isso que sei fazer... Só sei ver o sangue correr lentamente para que eu o lamba. Quente, fresco, e com o mesmo gosto que “eu”. Será esse o gosto da morte? Ou é esse o gosto de uma vida?
Até onde me lembro, já não sei quando, me chamo Alice. Até onde lembro – não lembro – sou uma garota. Até onde sei – não sei – estou viva. Ou será que já estou morta? Mas antes... Eu já estive mesmo viva?
Lembro... Não sei quando... Li. Não sei definir ler, só sei – não sei – que li algo que é chamado jornal. Só lembro, vagamente, “Alice Haertfild”... Me pergunto quem é essa. Será que sou eu? Não sei. Não sei como “eu” sou. Não conheço meu reflexo. Mas ao mesmo tempo não sei quando aprendi o que é o “meu” reflexo. Tão pouco sei por que me importo em descobri-lo. Ele é importante? “Sim”! Mesmo? “Possivelmente”. Então “é” ou “não é” importante? “Também não sei”. Então... Quem sabe? “Você... provavelmente...”.huhu, hahaha! Eu? “Eu” você diz?! “Não... 'você' quem diz”. Como? “Perguntando para a 'você', presumo”? ... Então... Onde “me” encontro? “Não sei... Desculpe...”. Hunf, certamente... Huhuhuhahaha ahaa. “Vais pro curar por 'Alice', Alice”? Vou. E quando encontra-la, me livrarei “dela”!
Quem sou? Onde estou? Como sou? Por que estou subindo estas escadas? Por que estou tão cansada? Por que estou tão sonolenta? Por que sinto esta agradável sensação quente e vermelha? Isto é eufórico! Que porta é esta? Que manto é este? O que é isto?
“É um espelho”.
O que é um espelho?
“É aquele que mostra 'você' de frente para você”.
Então posso encontrar-”me” nele?
“Se assim desejar...”.
Então... Como desejo...?
Era uma vez, uma garota. Com cabelos dourados que perderam o brilho e a vida. Longos até os joelhos. Era uma vez uma garota de olhos verdes. Lábios finos que raxaram. Pele que nunca viu o sol e só conheceu o frio. Era uma vez uma garota vestida com um vestido que lhe sufocava até que cedeu. Um vestido branco, que se tornou amarelo, que virou marrom, e então se tornou negro. Um vestido que cobria só até um pouco abaixo da virilha. Que perdeu as mangas e a forma. Era uma vez uma garota que segurava uma faca. Era uma vez... Um espelho negro. De moldura prateada. E de leve inclinação. Era uma vez... “Outra” garota. Uma garota idêntica a primeira. Com um sorriso tão psicótico quanto a outra. Com olhos tão mortos quanto a outra. Com unhas... Tão longas e negras quanto a outra. Era uma vez uma garota no espelho. Era uma vez uma garota em freante ao espelho. É uma vez... Uma garota do outro lado do espelho que atravessa suas mãos por ele... Que alcança o pescoço de sua “gêmea”... Que o aperta... Que “a” puxa... Puxa a si, mas não “se” puxa... Que aperta sem medo o pescoço de sua “imagem” e semelhança... Que a leva para o “outro lado”... Que a leva consigo...
†Continua†